sábado, 25 de setembro de 2010

Conheça um pouco da História do Bento do Portão


Antonio Bento do Portão nasceu no Estado da Bahia, no dia 29 de janeiro de 1875.
Viveu no bairro de Santo Amaro,São Paulo, como mendigo e curandeiro. Nas horas vagas cortava lenha, carregava água para os moradores da região que lhe pagavam com um prato de comida, um cigarro de palha ou até com uma simples bala.
Era uma pessoa simples, bondosa e muito admirada pelas crianças e adultos. Ás vezes era mal compreendido por algumas pessoas que o maltratavam por não compreendê-lo.
Adquiriu o nome de Bento do Portão porque quando tinha fome, sentava nos degraus dos portões das residências e os moradores sempre lhe ofereciam um prato de comida.
Antonio Bento morreu no dia 29 de junho de 1917, com 42 anos, próximo a entrada principal do cemitério de Santo Amaro e, quem o encontrou foi a senhora Isabel Schmidt que vinha todas as manhãs trazer-lhe café com pão.


Sete anos após sua morte, ao ser feita a exumação do seu corpo,este se encontrava intacto, não fora decomposto pelo tampo.


A ele são atribuídos vários milagres, sendo o primeiro no dia 2 de fevereiro de 1922, a certa senhora que necessitando amputar as duas pernas, pediu-lhe ajuda, alcançando a graça solicitada.
Antonio Bento tornou-se conhecido em Santo Amaro e outros bairros da capital, em quase todo o Estado de São Paulo, em alguns Estados do Brasil, e até no exterior como Bento do Portão, tendo muitos devotos que às segundas-feiras vão até o cemitério de Santo Amaro, à Rua Carlos Gomes, quadra 8, onde está sepultado, para reverenciar sua memória, fazer pedidos, orações e render-lhe as mais justas homenagens.



Oração ao Glorioso Bento do Portão
(Novena)

Meu glorioso Bento do Portão
Alma caridosa
Que tantas graças tens concedido
Pelo sofrimento que passastes
Merecestes de Deus
O direito de prestar ajuda
Àqueles que a ti recorrem

Neste momento de angustia
De desespero e sofrimento
Me dirijo a vós
Me dirijo a vós
Como meu salvador
Meu consolo e benfeitor

Bento do Portão
Em nome do criador
De seu santo filho, Jesus
E do Espírito Santo
Rogo-lhe a graça
(Faz o pedido)

Sei que sou pecador
Mas neste momento sagrado
Quero pedir perdão
Para com minha alma limpa
Eu possa merecer esta graça
(Fazer o pedido e a promessa se obtiver a graça)

Prometendo também que
Se eu obtiver a graça
Serei para sempre
Devoto desta alma tão milagrosa
Que é Bento do Portão.

Rezar: 3 Pai Nosso - 3 Ave Maria e 3 Glórias ao Pai
Durante a novena acender 1 vela por dia

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Falso Brilho


Tanto brilho nas ruas.
Tanta gente bem vestida, falante, as vezes cheia de jóias e perfumes caros. Tantos carros luxuosos.
Casas com tantos quartos que se perdem em corredores intermináveis. Apartamentos apertados com mil esquemas de segurança e preços nas alturas.

Pelas ruas, vejo grades, rostos aflitos.
No metrô e nos ônibus, as pessoas encostam-se aos vidros e dormem.
Nas escolas, professores fingem que ensinam,
alguns alunos se esforçam para comparecer pelo menos em corpo nas aulas que não suportam.
Nos becos, nos cantos escuros e nos bares da moda, muito pó, bebidas, cigarros e pastilhas…

Todo mundo está correndo atrás de algo que não sabe o que é,
dizem que é a felicidade, mas não sabem bem o que é.
Querem tanto uma coisa ou uma pessoa e quando conquistam,
se enjoam, jogam foram, como se fosse um brinquedo de garoto mimado.

Onde estão colocando as suas vidas?
Depositam todas as esperanças, os sonhos,
os desejos nas mãos de outras pessoas.
Quando erram, procuram urgentemente um culpado.
Ninguém quer assumir nenhuma culpa, quando o fazem,
fazem por piedade e se agridem,
mais para chamar a atenção dos outros que por penitência.

Nós precisamos de tão pouco e corremos tanto atrás de “fantasias”,
de “sonhos de papel”, de ilusões que insistimos em carregar por medo de assumir a realidade.

O essencial mesmo é estar de bem com você mesmo.
Não importa se a sua roupa é da moda,
se sua casa está nos Jardins ou na periferia,
importa que seja um lar,
que você e os que lá moram saibam (se) respeitar.

Se você já está procurando se sentir bem com o que você tem,
se você valoriza as suas coisas (mesmo que seja apenas uma muda de roupa), você vai se sentir bem sempre, na riqueza ou na pobreza,
na alegria ou na tristeza,
porque você estará com os pés no chão,
firmes e amparados pelos anjos que te cercam de tanto carinho.

O Essencial é invisível aos olhos da matéria,
abra os seus olhos do coração,

aqueles que Jesus chama de “olhos de ver”,
para que mais e mais pessoas possam dizer:
- como é bom estar perto de você!
Cada dia que passa você fica cada vez melhor.



Paulo Roberto Gaefke

Primavera

Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododentros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvi­dos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.


Texto do livro: "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998.